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Psicoterapia e Espiritualidade. 21.04.2015

 

 

 

Parece que as duas coisas não combinam, certo? Mas combinam sim.

 

A espiritualidade, a religiosidade, a fé, são comportamentos instalados durante a vida, da mesma forma que tantos outros. O indivíduo desenvolve ou não, a partir de vivências, experiências, convivências e exemplos, a capacidade de acreditar ou não em Deus, Força similar ou Poder sobrenatural que rege o universo.

Muitas pessoas questionam sua fé em terapia. Muitas pessoas a afirmam através deste processo e muitas outras desenvolvem o desejo de acreditar em algo e, o terapeuta pode ajudar nisso também.

 

Cada profissional tem sua crença pessoal ou não, mas isso pouco influenciará na ajuda que pode oferecer. O que é importante neste caso é conhecer um pouco das religiões e, responder totalmente à história de vida, sensibilidade e capacidades de seu cliente. É a partir das possibilidades DELE que irão juntos entender e desenvolver sua própria fé.

 

Às vezes falta mesmo conhecimento e experiências ligadas a espiritualidade. Às vezes, por um perfil muito controlador, fica difícil considerar a ideia de depositar em algo não substancial, a origem e destino de sua vida. A terapia abordando o caráter controlador e centralizador, diminuindo a necessidade (ilusória) de gerenciar todas as circunstâncias, com o tempo pode permitir o surgimento da simpatia, necessidade, aproximação de uma vida mais espiritualizada.

 

Muitos clientes querem saber qual a orientação espiritual ou religiosa do terapeuta. Na minha visão, o profissional deve sim assumir sua posição se questionado, a não ser que funcionalmente ele avalie que pode prejudicar o processo.

 

Na maioria das vezes, o posicionamento assumido do terapeuta nas questões da vida inspira em seu cliente confiança, amadurecimento e não necessariamente promovem a influência sobre o tema. Minha experiência tem mostrado que o que permanece e fortalece o vínculo terapêutico é o ato de posicionar-se, de abrir um pouco seu universo a quem está ali, na frente e já tirou todos os véus, um por um, com todas as dificuldades e resistências que isso implica.

 

Além disso, a boa terapia não deixa que o terapeuta seja o centro do processo, ele, deve estar totalmente entregue ao mundo do cliente, às circunstâncias que mantém o funcionamento de sua vida. Sendo assim, até um posicionamento próprio deve acontecer naturalmente dentro desta perspectiva.

 

A espiritualidade é algo muito saudável, se desenvolvida através de critérios reforçadores tais como: experiências, contatos e desejo que inspiram esta busca. Se surgir de aspectos negativos como: medo de morrer, doença de alguém querido, perda de emprego, corremos o risco de desenvolver comportamentos de FUGA e não de FÉ: preciso rezar, ir à igreja, fazer a novena para afastar tais situações aversivas. Perder o medo de situações desconhecidas, diminuir a inquietação sobre nosso próprio destino e ter confiança no que virá após a morte, são consequências da fé e não devem ser a sua motivação.

 

“Minha fé é no desconhecido, em tudo que não podemos compreender por meio da razão.

 

Creio que o que está acima do nosso entendimento
é apenas um fato em outras dimensões
e que no reino do desconhecido há uma infinita reserva de poder.”

 

Charles Chaplin.

 

 

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